Sobre a AGB

A AGB, OS ESTUDANTES E A GEOGRAFIA BRASILEIRA: BREVE ABORDAGEM HISTÓRICA

 

A Associação dos Geógrafos Brasileiros-AGB é uma entidade da sociedade civil de caráter técnico/científico, político e cultural sem fins lucrativos, fundada na cidade de São Paulo, em 17 de setembro de 1934, pelos professores Pierre Deffontaines, Rubens Borba de Moraes, Caio Prado Junior e Luiz Flores de Moraes Rego.

Durante os primeiros anos de funcionamento da AGB, sua atuação estava restrita à cidade de São Paulo. Contudo, a partir da década de 1940, a AGB começa a adquirir uma dimensão nacional, passando a ser representada em outros estados, surgindo então, as primeiras seções regionais nos seguintes estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Bahia.

Do momento de sua fundação até a década de 1970, a AGB, era representada por um pequeno grupo de professores do meio acadêmico, e, funcionava de forma antidemocrática. Os debates acerca da democratização da AGB remontam à década de 1970, quando um grande grupo de estudantes revolucionários passa a questionar a forma engessada em que se encontrava a entidade. Nesse momento, há uma série de assembleias, culminando em uma modificação do estatuto da AGB, fazendo com que essa entidade deixe de ter um caráter apenas científico e cultural, passando a incorporar em seu estatuto também uma dimensão política.

Desta forma, a década de 1970, marca uma nova fase vivenciada pela AGB, em especial o ano de 1978, quando os estudantes conseguiram, depois de muita luta, propor e votar a chamada de uma Assembléia Geral Extraordinária durante o III ENG (Encontro Nacional de Geógrafos), ocorrido em 1978 na cidade de Fortaleza, trazendo consigo a chama da renovação da Geografia, expressada pelo pensamento de jovens autores como Ruy Moreira, Ariovaldo Umbelino, Carlos Walter Porto Gonçalves, entre outros.

Segundo Charlles de França, a importância de 1978 está naquilo que antes já acontecera, a Geografia estava fortemente institucionalizada e ligada ao regime de chumbo, constituía-se em uma Geografia aplicada, voltada para o planejamento, baseada em teorias sistêmicas e locacionais e com fortes ligações com os interesses daqueles que faziam acontecer o ”milagre brasileiro”.

Durante esse momento, a sociedade brasileira encontrava-se em luta contra o regime autoritário da ditadura militar. Os textos de Yves Lacoste, Pierre George, Henri Lefbvre eram debatidos pelos geógrafos, estudantes e professores de 1º e 2º graus engajados na luta contra a ditadura civil/militar, seu conteúdo crítico chocava-se com a geografia de Estado quantitativo-teorética aplicada no Brasil. Entra em cena Por Uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia crítica, livro de Milton Santos lançado no Encontro de Fortaleza, 1978. É em meio a esse cenário, que acontece uma renovação da Geografia brasileira, concomitantemente à ascensão dos movimentos sociais operários e a reconstrução do movimento estudantil.

A década de 1970 compreende, então, um momento de grande força dos estudantes de geografia, na luta por uma AGB democrática. Em 1978, os estudantes e professores do então 1º e 2º Graus, conquistam seu espaço dentro da entidade, passando a compor o quadro de associados desta. Foram, portanto, os estudantes que levaram para o interior da Geografia acadêmica, por meio dos encontros, fóruns, palestras e publicações, uma geografia com novas ideias de caráter crítico e militante, vivenciada por um grupo externo a universidade. Ou seja, desde a década de 1970, a AGB, juntamente com os movimentos estudantil, vem mudando a cara da geografia brasileira dentro de uma perspectiva crítica e democrática, por meio dos eventos e publicações.

Até 1978, a AGB era formada por três tipos de sócios: os titulares, os colaboradores e os estudantes. Somente os Sócios Titulares podiam votar e serem votados, os Sócios Colaboradores podiam votar, mas não ser votados e os Sócios Estudantes podiam apenas participar dos encontros sem direito a voz ou voto.

Segundo Adauto de Oliveira de Souza, com a reforma estatutária se extinguem as seções regionais, os sócios titulares e os sócios colaboradores. Criam-se as seções locais, em base municipal, e todos os sócios passam a possuir os mesmos direitos e deveres (os estudantes passam a desfrutar de 50% de desconto nas anuidades).

A entidade é responsável pelo Encontro Nacional de Geógrafos - ENG, que atualmente é o maior evento profissional da América Latina, tendo reunido quase 6 mil participantes em sua última edição realizada em Porto Alegre, em 2010. No ENG, que ocorre de dois em dois anos, durante a Reunião de Gestão Coletiva, na qual todos os sócios podem participar, é formada e aprovada a nova Diretoria Executiva Nacional que organizará a AGB até a próxima edição do evento.

A AGB reúne geógrafos, professores e estudantes de Geografia e de áreas afins, além de todos aqueles preocupados com o aperfeiçoamento do debate científico, filosófico, ético, político, epistemológico e técnico da Geografia. A AGB faz parte, portanto, da história da Geografia brasileira não havendo sentido em falar do pensamento geográfico brasileiro sem citá-la.

A sede da AGB João Pessoa localiza-se no Departamento de geociências da UFPB, você pode aparecer para conhecer a AGB, consultar a biblioteca, apresentar propostas, fazer sugestões e criticas. Para realizar o pagamento da sua anuidade e contribuir com a construção da entidade você pode ir diretamente à sede da seção local ou entrar em contato conosco através do e-mail abaixo. Temos algumas edições da Revista Terra Livre disponível para venda.

 

Bibliografia

PEREIRA, Diamantino Alves Correia. A AGB, os Movimentos Sociais e a Geografia: UPEGE, AGB e Movimento Estudantil no final da década de 70. Boletim Paulista De Geografia. Seção São Paulo – Associação dos Geógrafos Brasileiros. Nº 1 (1949) – São Paul: AGB, 1949.

ANTUNES, Charlles de França; NETO, Manoel Fernandes de Sousa. Os Estudantes, a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) e o Movimento de Geografia Crítica da Geografia Brasileira. Boletim Paulista de Geografia. Seção São Paulo – Associação dos Geógrafos Brasileiros. Nº 1 (1949) – São Paul: AGB, 1949. 

E-mail: agbparatodos@hotmail.com

Site da AGB Nacional: www.agb.org.br/

Objetivos da AGB

  • Promover o desenvolvimento da Geografia, pesquisando e divulgando assuntos geográficos;
  • Estimular o estudo e o ensino da Geografia, propondo medidas para seu aperfeiçoamento;
  • Manter intercâmbio e colaboração com outras entidades brasileiras e internacionais dedicadas à pesquisa geográfica ou de interesse correlato;
  • Analisar atos dos setores públicos ou privados que interessem e envolvam a ciência geográfica, os geógrafos e as instituições de ensino e pesquisa da Geografia, e manifestar-se a respeito;
  • Congregar os geógrafos, professores e estudantes de Geografia e demais interessados, pela defesa e prestígio da classe e da profissão;
  • Promover encontros, congressos, exposições, conferências, simpósios, cursos e debates, bem como o intercâmbio profissional;
  • Representar o pensamento de seus sócios, junto aos poderes públicos e às entidades de classe, culturais ou técnicas.

 

Estrutura/corpo da AGB:

  • Uma Diretoria Executiva Nacional, com sede em São Paulo – (com eleições a cada dois anos);
  • Seções Locais em vários estados brasileiros - (com eleições a cada dois anos);
  • Eventos (ENG, ENEG, EREGE, SEMAGEO, Fala Professor);
  • Outros espaços de diálogos (Assembleias Gerais Extraordinárias, fóruns e Reunião de Gestão Coletiva-RGC);
  • Grupos de trabalhos (meio ambiente, urbana, agrária, ensino e formação profissional, etc.)